É comum na indústria de jogos, diversos títulos de qualidade passarem despercebidos pelo grande público, seja por marketing ruim, falta de interesse por não ser a “moda” do momento, ou até mesmo visuais simplistas, os motivos não faltam.
E esse é mais um desses casos, a franquia The Legend Of Heroes que muitos falam bem mas poucos conhecem.
Desenvolvida pela Nihon Falcom, Trails In The Sky é o primeiro de uma trilogia, lançado em 2004 para os computadores no Japão, mas somente em 2011 que recebeu um lançamento oficial em Inglês, para o port lançado no PlayStation Portable e mais tarde ganhando versões para PC(Steam), Playstation 3 e playstation Vita, esses últimos lançamentos ficando somente no Japão.
O enredo tem inicio no Reino de Liberl, 10 Anos depois de sofrer uma invasão do Império Erebonian.
uma noite, Estelle Bright espera pelo retorno de seu pai, Cassius, que ao retornar trás consigo um garoto chamado Joshua, Cassius adota o garoto e o cria como seu filho.
Estelle Bright e Joshua agora com 16 anos, decidem seguir a carreira de seu Pai e se tornarem Bracers, membros de uma guilda, especializada nas mais diversas tarefas, desde combate até manutenção de estradas.
Um dia, enquanto realizavam suas primeiras missões como membros oficiais da guilda, os garotos descobrem que seu pai, Cassiuis, desapareceu durante sua ultima missão enquanto estava a bordo de uma nave, que não chegou em seu destino final. assim partem em busca de descobrirem o destino de seu pai.
Eu sei, o enredo parece bem clichê, mas acreditem, ele é carregado de surpresas e muito bem escrito.
a cada reviravolta eu ficava ainda mais impressionado com a capacidade dos escritores, é (infelizmente) muito raro receber um RPG tão bem escrito nos dias atuais, o mundo que o jogo se passa é incrivelmente rico e detalhado, e isso não é só guardado para a historia principal, as conversas com os NPCs são prazerosas, uma vez que eles mudam a fala, de acordo com o que acontece na trama principal ou com os protagonistas, eles demonstram suas preocupações com o que acontece em sua volta e o que sentem entre si(NPC falando sobre outro da mesma cidade) ou com os personagens principais, pode parecer um detalhe bobo, mas torna um jogo tecnicamente simples, muito mais vivo do que boa parte dos jogos lançados recentemente no gênero, especialmente os japoneses.
Os personagens principais são a cereja do bolo, fazia muito tempo que eu não conseguia me importar tanto com personagens de um jogo de RPG, diversas vezes eles me surpreenderam positivamente e negativamente com suas ações e frases, sempre vou me lembrar o quanto fiquei impressionado pela real motivação de Estelle em se tornar bracer, eu já esperava que ela fosse dizer algo bem clichê, mas com uma simples frase, conseguiram tornar uma personagem que até o momento eu achava legal, em provavelmente minha protagonista feminina favorita de jogos de vídeo game. isso sem contar com as interações entre si que são um show à parte.
Mas nem tudo são flores, com toda certeza os visuais são o que mais deve afastar jogadores que batem o olho em alguma imagem do jogo pela internet.
estão longe de serem ruins, mas temos que lembrar que não eram os melhores nem na época em que foi originalmente lançado.
mesclando personagens feitos com sprites bem detalhadas(principalmente em movimento) com cenários simples em 3D, lembra muito os RPGs lançados na quinta geração de consoles como o Sega Saturn e o primeiro Playstation.
O sistema de combate é simples e por turno, mas demora pra ficar cansativo.
ao canto da tela, fica uma barra chamada AT onde mostra quais os personagens irão ataca em qual turno, seja inimigos ou personagens do seu grupo.
os personagens podem se locomover pelo campo de batalha, lembrando RPGs de estratégia, além de golpes normais, existem Arts, que basicamente são magias e podem ser compradas em lojas ou adquiridas em missões paralelas consumindo Energy Points(EP), Crafts que são habilidades únicas de cada personagem e que consome pontos de uma barra chamada Craft Points(CP) e S-Crafts que consomem 1000 CP e dão um golpe especial a cada personagem do grupo.
a exploração é o que se espera, com cenários lineares mas grandes e interligados, as missões paralelas ajudam a quebrar esse ritmo de exploração e batalhas, com uma variedade boa, onde se pode ter missões onde se tem de trocar lâmpadas na rua que leva a uma fazenda para impedir que monstros fiquem perto do local.
As musicas variam de boas para ótimas, como é de se esperar de um jogo da Falcom, não se tem muito o que falar delas, só que combinam com o ambiente do jogo e alguns vão ficar por horas na cabeça de quem se aventurar.
abaixo alguns exemplos da trilha sonora
https://www.youtube.com/watch?v=bekkP37HcC0
https://www.youtube.com/watch?v=TFv-06tnjRw
https://www.youtube.com/watch?v=NolViMBY6-g
Conheci graças ao meu PSP, em uma época onde eu já estava saturado dos RPGs japoneses e suas mesmices com qualidade de enredo decaindo mais e mais, graças a ele e ao xenoblade(wii) não posso recomendar ainda mais, mas fica a torcida pra que mais jogadores conheçam essa franquia, e a Nihon Falcom cresça ainda mais e receba os merecidos méritos por criar jogos tão bons com tão pouco recurso.
Em resumo, The Legend Of Heroes: Trails In The Sky é um ótimo jogo que remete a época de ouro desse gênero, especialmente os produzidos por empresas japonesas, que trás consigo um sentimento nostálgico e ao mesmo tempo uma sensação de entrar em um território desconhecido, se é daqueles que pensam “os japoneses não fazem mais jogos bons, só pensam em fanservice em tudo quanto é jogo” ou simplesmente quer ter uma ótima jornada, dê uma chance a essa maravilhosa franquia, tendo atualmente 7 sequencias e mais uma tendo sido anunciada recentemente. te garanto que daqui pra frente fica ainda melhor.